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Hematologia

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Mieloma Múltiplo: doença deixa o organismo mais vulnerável a infecções

O mieloma múltiplo é um câncer hematológico que afeta as células responsáveis pela produção de anticorpos, o que diminui a imunidade do organismo.
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Dr. Vinícius Soares - Hematologista Atualizado em 18/11/2024

Em estágios mais avançados, podem surgir sintomas como cansaço extremo, fraqueza, palidez e dores ósseas

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer hematológico que se desenvolve a partir das células do sistema imunológico localizadas na medula óssea e responsáveis pela produção de anticorpos. Essa condição compromete a imunidade do organismo. No Brasil, são estimados cerca de 6.500 novos casos de mieloma múltiplo por ano. Continue a leitura para saber quais são os sintomas, as formas de diagnóstico e os tratamentos disponíveis.

Mieloma múltiplo: o que é?

O mieloma múltiplo é uma doença hematológica que afeta os plasmócitos, células da medula óssea responsáveis pela produção de anticorpos para combater infecções.

Nessa condição, os plasmócitos começam a se dividir e se multiplicar de maneira descontrolada, gerando células anormais em quantidade excessiva. Em vez de produzirem anticorpos funcionais, essas células alteradas se acumulam na medula óssea e formam massas ou tumores.

Esse acúmulo de plasmócitos anormais interfere na produção de outras células do sangue, principalmente os glóbulos vermelhos, levando à anemia.

Com a produção comprometida, o organismo fica mais vulnerável a infecções. Além disso, a condição pode provocar lesões ósseas, incluindo fraturas, devido ao desgaste ósseo causado pelas células cancerosas, levando à dor óssea no paciente. O acúmulo de anticorpos anormais produzidos por essas células também pode provocar alteração na função renal, em alguns casos com necessidade de hemodiálise.

Fatores de risco

Embora muitos casos de mieloma múltiplo ocorram sem fatores de risco identificáveis, alguns aspectos podem aumentar a probabilidade de desenvolver a doença. Entre os principais fatores de risco estão:

· Idade avançada: a maioria dos diagnósticos ocorre em pessoas com mais de 60 anos.

· Sexo: homens têm uma probabilidade um pouco maior de desenvolver mieloma múltiplo em comparação às mulheres.

· Etnia: pessoas de etnia negra apresentam uma incidência maior da doença.

· Histórico familiar: ter parentes próximos diagnosticados com mieloma múltiplo ou com condições relacionadas, como a gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS), pode aumentar o risco.

Outras causas menos frequentes:

· Exposição a substâncias tóxicas: ficar perto com frequência de produtos químicos, como benzeno, dioxinas, pesticidas e solventes, está associada a um risco maior, embora seja raro.

· Exposição à radiação: altas doses de radiação ionizante podem contribuir para o desenvolvimento do mieloma múltiplo.

Sintomas do mieloma múltiplo

Alguns pacientes com mieloma múltiplo podem não apresentar qualquer sintoma ou sinal da doença, principalmente nas fases iniciais.

Em estágios mais avançados, podem surgir sintomas como cansaço extremo, fraqueza e palidez, dores ósseas (principalmente na coluna) e fraturas espontâneas.

Outros sinais incluem mau funcionamento dos rins, inchaço nas pernas, perda de apetite e de peso, prisão de ventre, sensibilidade alterada nos dedos das mãos e dos pés, além de infecções recorrentes, como pneumonia ou infecção urinária.

Como é o diagnóstico do mieloma múltiplo?

O diagnóstico do mieloma múltiplo pode ser realizado de várias maneiras. Exames de rotina, como hemograma, creatinina e cálcio, podem indicar alterações que sugerem a doença, como anemia, função renal comprometida e níveis elevados de cálcio.

Além disso, exames específicos como a eletroforese e imunofixação de proteínas no sangue e/ou urina ajudam a identificar a presença de proteína monoclonal quando há suspeita de mieloma múltiplo. Outro exame fundamental é a dosagem de cadeias leves livres (kappa e lambda) no sangue.

Em casos em que se busca confirmação, mielograma e biópsia de medula óssea são realizadas, coletando uma amostra da medula para avaliar a quantidade de plasmócitos e identificar possíveis alterações nessas células. Além disso, devem ser feitas outras análises com a amostra de sangue retirada da medula óssea, como imunofenotipagem e hibridização in situ por fluorescência (FISH).

Por fim, exames de imagem, como tomografia computadorizada, PET-CT (PET Scan) ou ressonância magnética, são utilizados para identificar alterações nos ossos e verificar a presença de tumores (plasmocitomas).

Mieloma múltiplo tem cura?

Não. O tratamento do mieloma múltiplo visa controle da doença (remissão), não sendo considerado um tratamento curativo.

As terapias disponíveis atualmente podem controlar a doença e levar a períodos prolongados de remissão, nos quais os sintomas podem estar ausentes ou reduzidos. Quando a doença reaparece, há possibilidade de novas linhas de tratamento eficazes.

Formas de tratamento para o mieloma múltiplo

Atualmente, o tratamento do mieloma múltiplo é ajustado de acordo com a fase da doença, visando controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

As opções de tratamento podem incluir:

· Imunomoduladores: medicamentos que estimulam o sistema imunológico do paciente para aumentar a resposta contra células cancerosas.

· Inibidores do proteassoma: medicamentos que atacam as células doentes, preservando as saudáveis.

· Anticorpos monoclonais (imunoterapia): são proteínas produzidas em laboratório para atacar alvos específicos, como os plasmócitos.

· Transplante de medula óssea: é frequentemente uma parte importante do tratamento do mieloma múltiplo, principalmente em estágios mais avançados da doença. O tipo mais comum é o transplante autólogo, que utiliza células-tronco do próprio paciente.

Em casos de mieloma múltiplo refratário ao tratamento ou em recaídas, podem ser utilizadas as seguintes terapias:

· Anticorpos monoclonais biespecíficos: são proteínas que conectam as células do sistema imunológico às células doentes, ajudando na sua destruição.

· Terapia com células T CAR ("CAR-T cell"): uma parte dos linfócitos do paciente é retirada, modificada em laboratório para torná-los mais eficazes contra o mieloma, e depois reinfundida no paciente para combater a doença.

É possível prevenir o mieloma múltiplo?

Atualmente, não há uma maneira comprovada de prevenir o mieloma múltiplo, uma vez que suas causas exatas ainda não são totalmente compreendidas.

No entanto, algumas estratégias ajudam a reduzir o risco ou facilitam a detecção precoce da doença. Adotar um estilo de vida saudável — que inclua uma alimentação balanceada, atividade física regular, controle de peso, além de evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool — pode beneficiar a saúde geral e reduzir o risco de várias doenças, incluindo diferentes tipos de câncer.

Além disso, pessoas com fatores de risco conhecidos, como um histórico familiar de mieloma ou condições relacionadas, devem realizar exames regulares. Esse monitoramento contribui com a identificação precoce da doença e permite intervenções mais eficazes.

Qual médico procurar?

É aconselhável consultar um onco-hematologista, ou seja, um especialista com formação em oncologia e hematologia. Esse profissional pode oferecer um diagnóstico preciso e elaborar um plano de tratamento individualizado para o mieloma múltiplo.

No Centro Médico do Hospital Santa Paula, você pode agendar consultas com nossos médicos em mais de 30 especialidades, inclusive oncologia e hematologia.

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Dr. Vinícius Soares

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