Imagina que o sistema que deveria defender o seu organismo se descontrolasse, exagerasse suas atividades e ao invés de defendê-lo, ele o ataca. É isso que ocorre em pessoas com a púrpura trombocitopênica imunológica (PTI), uma condição que dificulta o controle de sangramentos.

Púrpura trombocitopênica imunológica (PTI): o que é?

A púrpura trombocitopênica imunológica, ou PTI, é uma doença em que o próprio sistema de defesa do corpo, o sistema imunológico, passa a atacar por engano as plaquetas. As plaquetas são os elementos do sangue que fazem parte do sistema de coagulação, isto é, elas ajudam a controlar sangramentos.

Quando isso acontece, a quantidade de plaquetas no sangue diminui bastante, o que faz com que o corpo tenha mais dificuldade para parar sangramentos, especialmente quando há cortes ou pancadas. Podem surgir manifestações de sangramento mesmo que de modo espontâneo.

Possíveis causas para a Púrpura trombocitopênica imunológica (PTI)

A causa da PTI varia a depender da faixa etária.

Quando crianças ou adultos jovens a causa mais frequente está relacionada a infecções virais como caxumba, sarampo, vírus da gripe, dengue.

Quando adultos, mais frequentemente no do sexo feminino, a PTI pode estar relacionado a presença de alguma doença reumática como Lúpus. E pode haver relação com outras doenças virais como HIV, Hepatites B e C.

Pode haver associação com algum tipo de câncer que deve ser avaliado e investigado através da história pessoal e familiar do paciente. No entanto, em cerca de 2/3 dos casos, o motivo da alteração do sistema imunológico não é conhecido, daí frequentemente tratar o quadro como idiopático, isto é, sem causa inicialmente aparente. Neste caso, teremos a chamada Purpura Trombocitopênica Idiopática e é possível que a causa surja após algum tempo.

Principais sintomas da Púrpura trombocitopênica imunológica

Os sintomas da púrpura trombocitopênica imunológica podem variar, mas todos eles se relacionam com alteração do sistema de coagulação.

Os sintomas mais comuns são:

• Manchas roxas na pele: surgem com facilidade, mesmo sem motivo aparente.

• Pequenos pontos vermelhos na pele: parecem pequenos sangramentos sob a pele, chamados de "petequias".

• Sangramento fácil: tende a ocorrer na gengiva ou no nariz.

• Alteração do fluxo menstrual: menstruação mais intensa do que o normal.

São sintomas menos comuns:

• Presença de sangue na urina ou nas fezes: o que indica sangramento interno.

• Sangramento em Sistema Nervoso Central (SNC)

Geralmente, a PTI leva apenas a sangramentos pequenos em pele, cavidade oral ou nasal apesar do número de plaquetas estar bastante reduzido. A presença de sangramento urinário, em fezes ou em SNC pode significar que o paciente já possua alguma alteração naqueles locais que facilite o sangramento naquela região.

Pode ainda significar que o paciente tenha usado alguma medicação que tenha alterado o funcionamento das plaquetas como ácido acetil salicílico (AAS), por exemplo. Isto acontece porque na PTI, embora as plaquetas estejam em número reduzido, elas funcionam bem ou até além do normal. Mas quando tomamos AAS, por exemplo, além de uma alteração do número, também há uma alteração do funcionamento das plaquetas

Qual médico procurar?

Por ser uma condição hematológica, ou seja, que afeta o sangue, o médico mais indicado para tratar a púrpura trombocitopênica imunológica é o hematologista.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da púrpura trombocitopênica imunológica é feito com base nos sinais e sintomas que a pessoa apresenta. Além disso, é indispensável realizar um hemograma para diagnóstico de uma eventual anemia e avaliar a quantidade de plaquetas.

Para o diagnóstico de PTI é necessário que número de plaquetas esteja mais baixo que o normal, às vezes acompanhado de plaquetas de tamanho aumentado (macroplaquetas), e que não haja nenhuma outra alteração nos glóbulos vermelhos ou glóbulos brancos.

Para confirmar o diagnóstico e descartar outras doenças que podem ter sintomas e resultados de exames semelhantes, o médico pode solicitar outros testes com a finalidade de avaliar a causa da alteração do sistema imunológico que leve à diminuição do número de plaquetas.

Além disso, algumas vezes é possível que o hematologista queira avaliar a fábrica do sangue (medula óssea) para afastar a possibilidade de que a causa da diminuição do número de plaquetas seja alguma alteração na fabricação das plaquetas. Geralmente isto pode ocorrer quando o paciente apresenta idade inferior a 15 anos ou superior a 65 anos, ou ainda quando o paciente mostra pouca resposta aos tratamentos iniciais.

Formas de tratamento para a Púrpura trombocitopênica imunológica (PTI)

Em alguns casos, a PTI pode não causar sinal ou sintoma. Isso acontece porque o número de plaquetas não está muito baixo. Nestes casos, o médico pode apenas recomendar alguns cuidados para evitar pancadas, traumas, cortes e proibir o uso de medicamentos que alterem o funcionamento das plaquetas como, por exemplo, o ácido acetil salicílico (AAS, Aspirina, Somalgin, Clopidogrel). Além disso, o médico pode solicitar exames de sangue regulares para monitorar o número de plaquetas.

No entanto, se houver sintomas ou se o número de plaquetas estiver muito baixo, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos para reduzir a intensidade do sistema imunológico, tais como:

• Corticoides: esta geralmente é a primeira opção de tratamento. Estes medicamentos visam reduzir a destruição das plaquetas no sangue.

• Injeções de imunoglobulinas: bloqueiam a destruição das plaquetas no baço e ajudam a aumentar rapidamente o número de plaquetas no sangue.

• Medicamentos que estimulam a produção de plaquetas pela medula óssea.

Em casos mais graves, caso a PTI não melhore com os medicamentos, pode ser necessária a retirada cirúrgica do baço. No entanto, com as várias medicações disponíveis, esta opção é cada vez menos frequente.

A transfusão de plaquetas geralmente não é recomendada uma vez que pode piorar o quadro. Porém, quando o número de plaquetas está muito diminuído, o paciente não respondeu ao uso de corticoides e há risco de sangramento SNC (sistema nervoso central), a transfusão pode ser utilizada.

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