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Neurologia

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Demência vascular reduz habilidades cognitivas como memória e concentração

A demência vascular é considerada o segundo tipo de demência mais prevalente no mundo, atrás apenas da doença de Alzheimer.
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Dr. Alexandre Bossoni - neurologista - -Atualizado em 07/11/2024
Memória perdida por Alzheimer pode ser recuperada, diz estudo

Doença afeta milhares de pessoas no mundo e é mais prevalente em pessoas com risco alto para outras doenças cardiovasculares

A demência vascular é considerada o segundo tipo de demência mais prevalente no mundo, atrás apenas da doença de Alzheimer. Dados de um estudo da Unifesp indicam que o Brasil tem hoje ao menos 1,76 milhão de indivíduos com mais de 60 anos vivendo com alguma forma de demência. A previsão é que esse número chegue a 5,5 milhões até 2050.

Assim como em outros tipos de demência, a vascular provoca perda de funções mentais como memória, capacidade de planejamento e de execução, imponto dificuldades cognitivas importantes na rotina diária para quem sofre dela. Confira a seguir as causas desse problema, como é feito o diagnóstico e quais as formas de prevenção.

Demência Vascular: o que é?

A demência vascular é uma doença neurodegenerativa causada pelo acúmulo de lesões vasculares no cérebro. Essas lesões ocorrem geralmente nos menores vasos sanguíneos do cérebro, os capilares, que tem seu fluxo sanguíneo interrompido. A interrupção desse fluxo não causa sintomas grandes, como os vistos em um acidente vascular cerebral (AVC) clássico, que quando ocorre é pela interrupção de fluxo de uma artéria, por exemplo.

Com o acúmulo dessas lesões, ao longo do tempo, o cérebro vai perdendo sua capacidade de processamento de informação e de raciocínio e passa a ocorrer uma dificuldade de integração entre as diferentes partes do cérebro.

O mesmo mecanismo, entretanto, pode também ocorrer por causa do acúmulo de lesões isquêmicas de AVCs anteriores, que vão danificando o cérebro, reduzindo a quantidade de tecido cerebral disponível para o processamento de informação.

No Brasil, estima-se que até 35% dos casos diagnosticados de demência tenham causas vasculares, que costuma ser mais prevalente em pessoas com fatores de risco cardiovascular, como portadores de hipertensão e diabetes.

O que causa da demência vascular?

A demência vascular é uma doença neurodegenerativa que ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro de forma microscópica, nos vasos capilares. Ao longo do tempo, o acúmulo dessas lesões vai determinar o aparecimento deste tipo de demência.

Tipos de demência vascular

Existem quatro tipos principais de demência vascular. Confira quais são eles:

. Demência após-Acidente Vascular Cerebral: aquela que ocorre em até seis meses após a ocorrência de um AVC. Ocorre perda de massa encefálica e prejuízo da reserva cognitiva do cérebro.

. Infartos múltiplos ou multi-infartos: tem início gradual após diversos episódios isquêmicos transitórios. Também está relacionado com a perda de reserva cognitiva do cérebro.

. Subcortical: ocorre um comprometimento de pequenos vasos, geralmente na região do córtex cerebral, provocando lesão nos tecidos nervosos dessa área.

. Demência mista: ocorre o dano vascular associado a outro tipo de demência, como Alzheimer ou por corpos de Lewy.

Além dessa classificação, outro tipo de demência vascular conhecido (mas menos frequente) é a Demência de Biswanger, em que ocorrem bloqueios disseminados dos pequenos vasos sanguíneos (por causa de aterosclerose) presentes na substância branca do cérebro. Geralmente, ela ocorre em pacientes com hipertensão grave e mal controlada.

É possível prevenir a demência vascular?

Embora não exista uma forma 100% garantida de evitar a demência vascular, algumas medidas podem reduzir o risco de desenvolvimento da condição.

A mais importante é a mudança no estilo de vida, incluindo praticar atividade física de forma regular, manter uma alimentação saudável e equilibrada, não fumar e não beber – ou seja, adotar hábitos que protegem o sistema cardiovascular como um todo e auxiliam o seu bom funcionamento.

Além disso, é importante monitorar e tratar condições crônicas de saúde, como hipertensão, colesterol alto e diabetes, que contribuem significativamente para elevar o risco de desenvolver demência vascular.

Por fim, o acompanhamento médico regular também permite detectar e tratar precocemente eventuais sinais de comprometimento cognitivo.

Sintomas da demência vascular

Os sintomas da demência vascular variam dependendo da gravidade e da localização das lesões cerebrais. Os mais comuns incluem:

. Perda de memória: dificuldade para lembrar informações recentes e realizar tarefas rotineiras;

. Desorientação: confusão com o tempo e espaço, dificuldade em reconhecer locais e pessoas;

. Mudanças de humor e comportamento: irritabilidade, depressão, apatia e alterações no comportamento social;

. Dificuldades de comunicação: dificuldade para formular frases, compreensão reduzida e hesitação ao falar;

. Problemas de mobilidade: dependendo da área afetada, podem surgir dificuldades motoras, como problemas de equilíbrio e fraqueza muscular.

Qual médico devo procurar?

Se você ou algum familiar está apresentando sintomas relacionados ao sistema nervoso, como esquecimento, dificuldade de concentração e confusão mental, é importante buscar a orientação de um neurologista. Esse médico é o especialista capacitado em diagnosticar e tratar doenças do sistema nervoso, incluindo a demência vascular e outros tipos de demência.

Demência vascular e Alzheimer: quais são as diferenças?

Embora compartilhem alguns sintomas, como a perda de memória e as alterações de humor e comportamento, a demência vascular e a doença de Alzheimer têm diferenças importantes.

O Alzheimer é causado pelo acúmulo de proteínas beta-amiloide nas células nervosas do cérebro, o que provoca a degeneração e morte dos neurônios. Por outro lado, a demência vascular resulta de problemas na circulação cerebral, que podem ocorrer de maneira súbita, após um AVC, ou de forma gradual, devido ao comprometimento dos vasos sanguíneos.

Além disso, a demência vascular frequentemente apresenta um quadro clínico mais “flutuante”, com oscilações de memória e capacidade cognitiva, dependendo do fluxo sanguíneo cerebral. Já o Alzheimer é caracterizado por uma progressão mais contínua dos sintomas.

Formas de tratamento para a demência vascular

Não existe uma cura para a demência vascular. No entanto, o tratamento pode ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

O primeiro passo é avaliar a causa do problema. Se estiver relacionado a diabetes e hipertensão arterial, por exemplo, é importante controlar esses fatores de risco cardiovascular com medicamentos específicos para isso.

Os remédios também podem ser úteis no manejo das alterações de humor e da depressão. Outros também podem melhorar a cognição e a memória.
Outras terapias, como fonoaudiologia, psicoterapia, fisioterapia e terapia ocupacional, também podem ser importantes para melhorar a qualidade de vida do paciente ao permitir que ele mantenha uma certa autonomia nas tarefas do dia a dia.

Por fim, vale reforçar que o tratamento da demência vascular deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada paciente.

Escrito por
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Dr. Alexandre Bossoni

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