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Dor na lombar: entenda quando pode ser preocupante

O tratamento mais adequado para dor na lombar depende da situação particular de cada paciente. As principais opções incluem medicamentos, repouso e fisioterapia.
GA
Dr. Gilberto Anauate - Ortopedista Atualizado em 07/11/2024

Pacientes geralmente são avaliados pelo médico ortopedista

A dor na lombar, tecnicamente chamada de lombalgia, é bastante comum: de acordo com a Organização Mundial da Saúde, 619 milhões de pessoas no planeta foram afetadas por esse problema em 2020, com estimativa de que tal número suba para 843 milhões até 2050.

Essa condição pode ter curta duração, se restringindo a um episódio pontual, ou longa duração, se estendendo por meses e até anos. Principalmente nos casos que são persistentes ou acompanhados por outros sintomas, é fundamental consultar um médico para identificar a causa exata do quadro e receber um tratamento individualizado.

Dor na lombar: como são os sintomas?

A dor na lombar acomete a região inferior das costas, entre o fim da costela e o início das nádegas. Muitas vezes, os pacientes sentem que esse incômodo se agrava durante a movimentação. Em alguns casos, também é possível que a dor irradie para as pernas, sendo acompanhada de fraqueza ou formigamento nos membros inferiores, chamada de lombociatalgia.

Dor na lombar: o que pode ser?

Diversos fatores podem causar dor na lombar:

Lesões musculares

Em grande parte dos indivíduos, a dor é de origem muscular e está relacionada ao excesso de esforço físico, à realização de atividades físicas sem o devido preparo ou à permanência prolongada em uma postura inadequada.

Dormir de mau jeito, carregar algo muito pesado, fazer uma faxina completa em casa e não fazer alongamento antes ou depois de atividades físicas são exemplos de situações cotidianas que podem gerar lombalgia.

Condições musculoesqueléticas

Também existem condições de saúde específicas que podem cursar com dor lombar. É o caso de:

. Hérnias de disco (extravasamento do conteúdo interno de um disco intervertebral, que pode comprimir as raízes nervosas da coluna);

. Artrose (doença inflamatória e degenerativa caracterizada pelo desgaste das cartilagens);

. Desgaste dos discos intervertebrais (processo que tende a ocorrer com o envelhecimento);

. Fraturas por osteoporose (doença que torna os ossos mais frágeis);

. Desvios na coluna (como escoliose e lordose);

. Espondilite anquilosante (doença reumatológica de caráter inflamatório e autoimune).

Outras doenças

Há ainda doenças que não estão diretamente relacionadas com a coluna ou com as vértebras, mas são capazes de irradiar dor para a região lombar, como infecção urinária e cálculo renal (que podem ser acompanhados por desconforto para urinar e febre) e aneurisma da aorta abdominal (dilatação anormal da artéria aorta, que geralmente é silenciosa, mas pode se manifestar por dor intensa nas costas).

Quando a dor na lombar é preocupante?

Em geral, a dor na lombar é considerada preocupante quando é crônica (ou seja, se estende por mais de três meses) e persistente, não apresentando melhora com o uso de analgésicos ou relaxantes musculares ou com fisioterapia. Além da duração, outro sinal de alerta é a presença de mais sintomas, como febre, emagrecimento e irradiação da dor para as pernas.

Qual médico procurar?

Pacientes com dor na lombar costumam ser avaliados pelo ortopedista, médico especializado em condições que atingem o sistema locomotor (ossos, músculos, articulações e ligamentos). O Hospital Santa Paula dispõe de um pronto-socorro ortopédico 24 horas, com profissionais prontos para avaliar males na coluna, fraturas, entorses, luxações, entre outros quadros.

A depender da causa do problema, pode ser necessário o envolvimento de mais especialistas, como neurologista, urologista e reumatologista.

Como é feito o diagnóstico?

Para identificar a causa da dor na lombar, o médico precisa recuperar o histórico clínico do paciente e conduzir um exame físico. Além disso, podem ser solicitados exames de imagem (como tomografia computadorizada, ressonância magnética e raio-X) e exames de sangue para descartar processos inflamatórios ou reumáticos.

Tratamento para a dor na lombar

O tratamento varia de acordo com a causa e a gravidade da dor na lombar. Geralmente, as dores de origem muscular melhoram espontaneamente em até dez dias. Durante esse período, o desconforto pode ser amenizado com analgésicos, repouso e compressas mornas.

Casos mais sérios, que não melhoram espontaneamente, podem requerer medidas adicionais, incluindo fisioterapia para fortalecer os músculos e anti-inflamatórios para aliviar a dor. Cabe ressaltar que tais medicamentos devem ser utilizados apenas sob orientação médica, pois têm um potencial grande de toxicidade (especialmente entre pessoas acima de 60 anos).

Mas há pacientes que não respondem aos tratamentos conservadores – como aqueles que apresentam quadros graves de hérnia. Nessas situações, pode-se considerar uma intervenção cirúrgica.

Vale mencionar que tratamentos inovadores para dor nas costas já estão sendo empregados no Brasil. A estimulação da medula espinhal (EME), que envolve a implantação de um dispositivo para bloquear sinais de dor antes de alcançarem o cérebro, tem sido uma opção para pacientes com dor crônica e difícil de tratar. Outro método avançado é a radiofrequência pulsada, uma técnica minimamente invasiva que "desativa" temporariamente os nervos responsáveis pela dor, proporcionando alívio sem danificar o nervo, e sendo uma alternativa eficaz para casos de dor persistente.

Quanto antes o tratamento da dor nas costas começa, melhor, pois isso ajuda a prevenir que a dor se torne crônica e evita o desgaste excessivo dos tecidos lesionados. O tratamento precoce impede ainda que o corpo adote posturas compensatórias, que poderiam sobrecarregar outras regiões e causar mais desconforto. Iniciar logo também permite uma resposta mais rápida às terapias, melhora a qualidade de vida e minimiza o impacto da dor na funcionalidade diária, facilitando o retorno às atividades normais com menos limitações.

Formas de prevenir a dor na lombar

Praticar atividades físicas com frequência é uma medida fundamental para prevenir a dor na lombar, pois ajuda a fortalecer os músculos das costas e do abdômen.

Além disso, para não sobrecarregar a coluna, é importante: manter um peso corporal adequado, não permanecer sentado por longos períodos ininterruptos e evitar carregar objetos muito pesados.

Também estão sendo conduzidas diversas pesquisas no mundo para encontrar mais estratégias que ajudem na prevenção da dor lombar. Um estudo denominado WalkBack, publicado na revista científica The Lancet em julho de 2024, demonstra que a caminhada (devidamente orientada por um fisioterapeuta) e a conscientização (ou seja, a disseminação de informações sobre lombalgia) podem ser ferramentas valiosas para diminuir a recorrência desse problema.

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Dr. Gilberto Anauate

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