
A abordagem varia conforme a gravidade do quadro e a idade gestacional, focando sempre na segurança da mãe e do bebê.
A consulta de pré-natal parecia apenas mais uma rotina, até que o resultado da medição de pressão e do exame de urina acende um alerta. O diagnóstico de pré-eclâmpsia pode trazer muitas dúvidas e ansiedade, mas entender as opções de tratamento é o primeiro passo para um desfecho seguro e saudável. A identificação precoce dos riscos é fundamental para planejar o cuidado pré-natal, o que pode incluir monitoramento mais frequente.
O que é pré-eclâmpsia e por que o tratamento é crucial?
A pré-eclâmpsia é uma complicação da gravidez caracterizada pelo desenvolvimento de hipertensão arterial (pressão alta) após 20 semanas de gestação, geralmente acompanhada por sinais de danos em outros órgãos, como rins e fígado. Sua forma mais comum de detecção é a presença de proteína na urina (proteinúria).
Sem o manejo adequado, a condição pode evoluir para formas mais graves, como a eclâmpsia (quando ocorrem convulsões) ou a síndrome HELLP, uma complicação grave que afeta o sangue e o fígado. Assim, o tratamento visa controlar os sintomas, evitar a progressão da doença e garantir o melhor momento para o parto, protegendo a vida da mãe e do bebê.
Qual é o tratamento definitivo para a pré-eclâmpsia?
O único tratamento que resolve completamente a pré-eclâmpsia é o parto. A retirada da placenta interrompe o processo fisiopatológico que causa a doença. Contudo, a decisão de quando realizar o parto é um balanço cuidadoso entre os riscos da prematuridade para o bebê e os riscos da continuidade da gestação para a mãe.
A equipe médica avalia continuamente fatores como:
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Idade gestacional: quanto mais próximo do termo (37 semanas ou mais), maior a tendência de induzir o parto.
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Gravidade da doença: quadros graves podem exigir a interrupção imediata da gestação, independentemente da idade gestacional.
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Bem-estar fetal: a saúde e o desenvolvimento do bebê são monitorados por exames como a ultrassonografia com Doppler.
Como é feito o manejo da pré-eclâmpsia leve?
Quando a pré-eclâmpsia é classificada como leve e a gestação ainda não atingiu 37 semanas, o tratamento pode ser mais conservador, com foco no monitoramento intenso para detectar qualquer sinal de piora.
Monitoramento rigoroso
O acompanhamento se torna mais frequente, podendo incluir consultas semanais ou até mais recorrentes. É comum que a gestante seja orientada a medir a pressão arterial em casa. Além disso, exames de sangue e de urina são realizados periodicamente para avaliar a função dos rins, do fígado e a contagem de plaquetas.
Em alguns casos, o uso de testes de biomarcadores, como o Fator de Crescimento Placentário (PlGF), é valioso. Ele permite um monitoramento pré-natal ainda mais frequente e uma melhor coordenação dos cuidados, aspectos cruciais para o manejo da pré-eclâmpsia.
Mudanças no estilo de vida
O repouso relativo, principalmente deitada sobre o lado esquerdo, pode ser recomendado para melhorar o fluxo sanguíneo para o útero. Uma dieta com controle na ingestão de sal e o aumento do consumo de água também fazem parte das orientações gerais. Vale dizer que nenhuma dessas medidas substitui o acompanhamento médico.
Quais são as abordagens para a pré-eclâmpsia grave?
Na pré-eclâmpsia grave, o risco de complicações é alto, exigindo intervenções mais imediatas e, quase sempre, a internação hospitalar para vigilância contínua da mãe e do bebê.
Medicamentos para controle da pressão arterial
O controle da hipertensão é fundamental para prevenir complicações como acidente vascular cerebral (AVC). Medicamentos anti-hipertensivos, como labetalol ou nifedipina, são frequentemente administrados sob estrita supervisão médica para manter a pressão em níveis seguros.
Prevenção de convulsões
Para prevenir a eclâmpsia, o sulfato de magnésio é o medicamento de escolha. Este tratamento é reconhecidamente eficaz e estabelecido para evitar convulsões graves em mulheres diagnosticadas com pré-eclâmpsia. Ele é administrado por via intravenosa e atua como um neuroprotetor, reduzindo o risco de convulsões, sendo um padrão de cuidado em casos com critérios de gravidade.
Antecipação do parto
Em quadros graves, especialmente após 34 semanas de gestação, a recomendação geralmente é a interrupção da gravidez. Antes disso, a equipe médica pode administrar corticoides para acelerar o desenvolvimento pulmonar do bebê, preparando-o para um nascimento prematuro.
Existem medidas preventivas para mulheres de alto risco?
Sim. Para gestantes identificadas com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia, algumas estratégias podem ser adotadas. Histórico de pré-eclâmpsia anterior, hipertensão crônica, diabetes e doenças autoimunes são alguns dos fatores de risco. Nesses casos, a intensificação do monitoramento e o uso preventivo de aspirina podem reduzir resultados adversos.
Se a gestante é identificada como de alto risco no primeiro trimestre (entre 11 e 13 semanas), o uso de ácido acetilsalicílico, popularmente conhecido como Aspirina, demonstrou reduzir o risco de parto prematuro (com menos de 37 semanas) devido à condição.
Para aquelas com histórico de pré-eclâmpsia grave ou precoce, iniciar a aspirina em baixa dose antes da 16ª semana e manter a adesão rigorosa pode reduzir em até 40% o risco de recorrência grave e precoce da doença. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a suplementação de cálcio para gestantes com baixa ingestão deste nutriente, como forma de prevenção.
E o que acontece após o parto?
Embora o parto seja a cura, a pré-eclâmpsia também pode ocorrer ou persistir no período pós-parto. Por isso, a vigilância da pressão arterial continua sendo crucial nos dias e semanas seguintes ao nascimento do bebê. O tratamento com anti-hipertensivos pode ser necessário até que a pressão se normalize completamente.
O manejo cuidadoso e a comunicação transparente com a equipe de saúde são seus maiores aliados. Siga todas as orientações, compareça às consultas e não hesite em procurar ajuda ao notar qualquer sintoma diferente.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

